quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A VIDA É UM DETALHE

nada mais que um sopro
nada mais que um suspiro
apenas
um breve piscar de olhos

às vezes, vaga, vazia, vulgar
às vezes, vã, vencida, vil
entregue
à sorte de existir

a superestimada cadência
do pulso em ritmo de trote
que não permite que vacile
que não espera sua ciência
que não espera que acorde
pra começar o seu desfile

a vida é um detalhe
pedaço ínfimo da história
de um universo infinito
na desordeira relação
de abismos e de cânions
onde se buscam os abrigos

vida pífia, é verdade
vida curta, mas que arde

e àquele que a semeia
e, por caminhos que permeia
tortuosos e incertos,
seja por bosques ou desertos
mas a agarra, com ardor
que batalha com fervor
uma coisa lhe é segura
e não se trata de loucura
no princípio era o pó, um grão,
hoje, é eternidade, imensidão

a vida é um detalhe
imperfeito e belo detalhe


por bruno muniz, em 11 de setembro de 2014.

Um comentário:

  1. Vejo uma fase nova diferente e isto é o amadurecimento exercitado por todo autor. Nos seus últimos escritos, a forma de expressão tem mudado num misto de rimas e não rimas, o que o prepara para definições futuras aprimoradas. Não sei se me fiz entender, mas em suma, é legal. Um ponto singular que gostei é: "mas a agarra,..." - quer dizer: de quem se agarra à vida...breve. Porém, sonoramente, pode-se entender uma nova frase como se fosse precedida de um ponto final e se iniciasse com substantivo ("seja por bosques ou desertos."), aquilo que prende com vontade e intensidade as coisas cotidianas exteriores à própria vida como se fosse dito "Mas HÁ garra,..." que termina com a frase"...hoje, é eternidade, imensidão."

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