quinta-feira, 8 de agosto de 2013

AUTOR, IDADES

enferrujadas
como a carcaça
de um velho navio no fundo
do mar
palavras rebuscadas,
arcaicas
tecidas a fios
de teia de aranha
empoeiradas
como os livros amarelos
com cheiro de naftalina num armário escuro
como unhas longas
e descuidadas
sob a tinta do esmalte
relíquia disfarçada sob roupas novas
fala mansa
sob discursos despóticos
sorrisos
amarelos
em meio a passos neuróticos
os dentes cerrados,
olhos arregalados
a agressividade como defesa
o cinismo
como inocência
despidas de vergonha, de anseios
ou prazeres
ouvidos surdos, olhos cegos
e bocas
cheias de dizeres
as mãos
limpas
dissimulam a sujeira
escondida
sob o tapete vermelho de sua majestade
mas a carne é fraca
e os vermes são os mesmos
os que corróem os fracos, os fortes
os belos e os feios
a hora,
de todos, chega
tudo o que sobe
desce
e onde há fumaça, há fogo
e a verdade,
quem sabe
não esquece


por bruno muniz, 8 de agosto de 2013.

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