sábado, 11 de maio de 2013

À MENTE INQUIETA


à mente inquieta
repousa a dúvida
perguntas com gosto de remédio
cheiro de fossa e
textura de pele ressecada
distante do conforto ignorante
a alma do pensante não tem lugar à sombra
o preço pago pela curiosidade
o devir da serenidade
o dissabor das próprias vontades

à mente inquieta
repousa um inseto barulhento
maldito sanguessuga voador
que traz, zunindo,
horas de perturbadora reflexão noturna
gratuita dúvida
pulga atrás da orelha
e que não se deixa pegar

à mente inquieta
ladrão rouba a paz
ladram os cães aos domingos de descanso
tornando-os infernos em terra
gemem os gatos à janela durante a noite
tudo tira o sono,
e pelas frestas da janela
invade a luz e o vento gelado
dessa São Paulo solitária, mãe das multidões

à mente inquieta
repousa o desespero
companheiro fiel e desgraçado
de risos tortos e maliciosos
compreensivo amigo
é, à mente inquieta


por bruno muniz, 11 de maio de 2013.

Um comentário:

  1. Grande poeta, fico grato com tal respeito a Você e ao seu poema!!!
    Mas a mente mente também!!! E porque deixa-la sem ponição?
    Na feitura de poema Você deixa Ela bem inquieta e sem poniçaõ.... Não tenho razão... ou posso estar .... louco quem sabe..

    Atent. Edson.

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