terça-feira, 16 de abril de 2013

DILACERA

de pé frente à janela
onde pássaros se exibem
onde as moças desfilam exuberantes
sob a gentil luz das luminárias antigas

as mesmas janelas que outrora eram convite
que abriam as vistas para o sorriso
ela passou por essas janelas

foi um riso noturno
um riso forte e invasivo
ela penetrou meu peito
invadiu violentamente a alma e roubou minhas vontades
e fiquei aqui, preso à janela

cada riso e sorriso tem seu preço
os seus foram caros, raros, fartos
sorrisos tenros e abertos
de semblante doce e sincero
risos únicos - no tempo, no amor, no sabor
sem repetição ou segunda chance

acordado, desde as 18 horas
com uma garrafa de vinho em mãos
fitando os carros que passam à janela
vejo ainda seu olhar... a encontrei
para mim, era... ela... única
ninguém poderia ser
quem seria?

sorria como ninguém
ria como só ela... amava, somente, ela

me sorriu mil vezes,
me riu centenas,
me amou apenas uma, única e inesquecível vez

lembrar, rindo, pois não mais
é o que dilacera, desmantela, rasga a pele
e não haverá sorriso pra curar,
mas somente aquele que encara a morte
continuará a ter chances
pois só quem dilacera, se reconstrói


por bruno muniz, 24 de fevereiro de 2013

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