sábado, 12 de outubro de 2013

TODAS AS CORES

quando o amarelo-ouro, rei dos tempos, decretou
que os tapetes seriam os vermelhos-sangue
que os estandartes erguer-se-iam verdes
viu-se o azul-celeste esconder-se sob o gris das nuvens

o preto em luto pelos irmãos mortos
empunhou-se do prata das espadas ao lado dos rubros de ódio

nas batalhas, uniu-se a eles o azul-naval
e trouxe o branco rosto da paz burguesa
com as letras da pena em negro-nanquim
enquanto, pasmos eram os rostos pardos de medo e apatia
então, guilhotinaram o amarelo-ouro da coroa
e as túnicas pretas clericais caíram também
e quando os pretos em luto pensaram em olhar para o azul-celeste que renasceria
viram o azul-naval segurar o mastro
e o branco da paz assegurar a mansidão
logo estavam de mãos dadas

e os pretos, os vermelhos-sangue e rubros de ódio
novamente viram-se sufocados em seus guetos
eis que alguns vermelhos-vivos levantaram bandeira
prometeram terras, verdade e poder
conquistaram os corações de muitos sofredores
de tantos tempos árduos, de tanta miséria

quando, enfim, uns poucos despossaram o azul-naval e o branco da paz
e o azul-celeste parecia despontar, de fato,
aos pretos em luto, os vermelhos-sangue e os rubros de ódio
o verde das matas começou a morrer em ritmo acelerado e, então,
o gris celeste escureceu novamente e os mares transparentes refletiram
por fim, a verdade maior
que evidenciou-se,
cristalina

sem a luz do sol, por trás da escuridão das nuvens
exceto o sangue vermelho daqueles que sempre serviram como tapete
e o preto em luto daqueles que estiveram em luta pelo brilho do sol
todas as cores são igual e infinitamente azuis:
tristes e frias


por bruno muniz, 11 de outubro de 2013.

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