milênios sob chamas
sonhos sepultados
pequenos desgraçados
jovens amputados
mães sem esperança
histórias roubadas
amigos perdidos
vidas saqueadas
peitos vazios
destroços espalhados
ruas de sangue
de deus, fingiu-se o diabo
o futuro condenado
expulsos, ultrajados
o destino soterrado
aos corpos amontoados
não haverá amanhã
se houver apenas silêncio
não haverá amanhã
se houver apenas tormento
somente o horror,
a morte, a dor
somente o medo,
a covardia, o terror
o assassínio liberto
brutal e interminável
a passividade declarada
assumida e abominável
perdoai-nos, um dia
perdoai nossa dificuldade
perdoai nossa falta de coragem
perdoai nossa cumplicidade,
nossa imensa
perversividade
por bruno muniz, 25 de julho de 2014.
Um sucedâneo. O grande escritor Plínio Marcos termina seu livro "Na barra do catimbó" que é a história sobre favelas, com o seguinte parágrafo após o incêndio fatal: - ...Quando o dia foi raiando, o povão começou a limpar o terreno para reerguer seus barracos. Eles tinham uma única certeza: são filhos dos orixás. Penam, mas são imortais. Mesmo sendo inconscientes de toda força que têm, no íntimo sabem que um dia influirão no próprio destino e farão a própria história. Nesse dia, aí dos que forçaram esses anjos catimbozeiros a tanto padecimento. (sic)
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