sexta-feira, 21 de março de 2014

ANTE O DESTINO

ante o destino
viciado é o ar parado
de janelas fechadas
onde somente se vê,
mas não se sente
a brisa
que toca as folhas das árvores

ante o destino
doente é o corpo
que não responde, só absorve
e aguarda a morte
certa,
por não conhecer
a própria força transformadora

ante o destino
condenada é a alma
que não se reinventa
não se revigora
não se revolta
ante o massacre diário
que a aprisionou

ante o destino
covarde é a mão
que apenas se esconde
pede algemas com urgência
fraqueja e se entrega
ao primeiro
sinal de revide do carrasco

ante o destino
morto é o animal
que perante o caçador
aceita o fim
como inevitável
se prostra dócil
submisso

ante o destino
vivo é quem arrisca
não faz jogo,
subverte
não aceita o clinch
recua
ciente
de que o próximo passo
é adiante,
firme
direto
hostil, ao injusto
violento, ao falso
grato, ao verdadeiro
de peito aberto
mas sempre em pé
na guerra
ou na paz

sempre.


por bruno muniz, 21 de março de 2014.

Um comentário:

  1. "pai,
    afasta de mim esse cálice
    de vinho tinto de sangue...
    quero lançar um grito desumano..."

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