quinta-feira, 13 de março de 2014

DO ÓDIO E DAS MUDANÇAS

insuficiente é, pois,
caminhar em linha reta
desviar de obstáculos
é mais que necessário,
criar alternativas
e cultivá-las com afinco
isso tudo deveria bastar,
mas
não basta
é preciso mais
é preciso encarar certos obstáculos,
derrubar o que estiver à frente
pra seguir em frente
não se entregar
ou baixar a cabeça,
baixar a guarda,
abandonando, assim,
princípios e sonhos
mas isso dói
e cansa
cansa,
pois se torna rotina
e a rotina
mata
mata o tempo,
as esperanças,
as vontades,
o mínimo de dignidade
e respeito próprio
com o tempo – sempre deus da vida – tudo
tudo se transforma,
inclusive
o potencial de transformação mais revolucionário
e rebelde que algo
ou alguém
possua
é preciso, portanto,
ter
não só amor, mas
ódio também
é preciso odiar
o consentimento, o hábito e a conformidade
com o que está errado,
injusto
e arbitrário
encarar problemas, às vezes,
implica em abrir mão
de certos confortos
e assumir outros tipos de problemas,
todavia,
problemas que podem ser solucionados
por quem os assume
superar tais adversidades
é um ato de coragem
suportar adversidades é coisa
que qualquer um
eu disse, qualquer um
pode fazer
superá-las
exige força
e coragem de verdade
não conheço muita gente que tem coragem
de abrir mão de algo
parece a mim que lhes falta ódio,
lhes falta incômodo,
lhes falta ambição,
lhes falta amor próprio
estou cansado
cansado de esperar mudanças
e não ter perspectivas
por isso assumo o ódio
em nome do amor
ao que julgo ser o certo,
o certo pra mim,
o justo pra mim
sou minha própria medida
e não posso esperar que alguém
me livre de meus
infernos
que a fúria
e a sede me consumam,
pois não será o tempo
que me
congelará


por bruno muniz, 13 de março de 2014.

Um comentário:

  1. Pois é, as pessoas preferem caminhar em conforto, sem confronto de obstáculos. Às vezes até se desviam de alguns, mas não os combatem. Buscam para si no dia-a-dia o que a religião lhes prometeu, tanto que acreditam piamente o que o sistema lhes falou: "O trabalho enobrece o homem!". Triste fim dos Policarpos Quaresmas.

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